A amizade entre um vira-lata e um poeta semilouco: esta é uma história de amor sem cinismo ou ironia, e, para contá-la, Paul Auster compôs Timbuktu (1999), um misto de romance e fábula.EM inglês, Timbuktu (nome de uma cidade em Mali) designa um lugar tão distante que nunca se consegue chegar lá. PAra Willy, o poeta maldito, o mendigo visionário, é o lugar para onde vão os mortos: onde o mapa deste mundo acaba, começa Timbuktu. WIlly vagueia pelas sarjetas com um amigo que acredita fielmente em suas aventuras, ensinamentos e delírios: mr. BOnes (sr. OSsos), um vira-lata que compreende a língua dos homens. QUando Willy morre, o cão é obrigado a sobreviver sozinho num ambiente hostil, povoado de perigos que podem mandá-lo para Timbuktu antes da hora. À Medida que as privações e os maus-tratos acentuam o espírito meditativo e melancólico de mr. BOnes, percebemos que só um animal poderia nos deslocar para uma esfera de sentimentos puros como os que aparecem nesse livro.