\"Maravilhoso, com ritmo perfeito.\" — Simon Winchester, The New York Sun\r\n\r\n\r\n\r\nO primeiro abalo atingiu Lisboa na manhã do dia 1º de novembro, de 1755 - Dia de Todos os Santos. Minutos depois, outro ainda mais forte arrasou a cidade, seguido por um terceiro. Lisboa, uma das capitais mais imponentes da Europa, foi destruída em menos de 15 minutos. Então um tsunami arrastou milhares de pessoas e um vento implacável espalhou os focos de incêndio provocados pelos tremores.\r\n\r\nO jornalista Nicholas Shrady revela, em O Último Dia do Mundo, que a reação ao desastre natural, mais do que a tragédia em si, é o que ainda hoje provoca grande fascínio. O terremoto em Portugal, na capital mais católica do continente, abalou as certezas intelectuais e religiosas que na época dominavam a Europa do Iluminismo.\r\n\r\nAté 1755, as aflições que a natureza impunha sobre a humanidade eram consideradas obra de um Deus furioso - o homem estava pagando por seus pecados e fraquezas. Após a catástrofe, o lugar de Deus nas relações humanas começou a ser questionado. Voltaire, Pope, Kant e Rousseau, entre outras figuras eminentes, fizeram do acontecimento um veículo para expressar suas ideias iluministas. O grande terremoto e a subsequente reconstrução de Lisboa também deram origem a reformas sociais e econômicas memoráveis, ao planejamento urbano moderno e ao nascimento da sismologia.\r\n\r\n\"Perante o monumental alcance da destruição, o rei, que tinha 40 anos de idade e era mais propenso aos tons estrondosos da ópera e à alegria da caça do que ao trabalho obstinado de governar seu reino, estava perplexo. Mensageiros chegaram durante toda a manhã, trazendo relatos cada vez mais explícitos das cenas infernais de terror e ruína, do incalculável número de mortos e da chegada do Apocalipse. Impotente, ele fez exatamente o que nenhum monarca jamais deveria fazer: encolheu-se de medo\", escreve o autor.\r\n