Nestas curiosas cartas de amor escritas por Fernando Pessoa a Ophélia de Queiroz não há arroubos ou especiais conceitos afetivos. Não resta dúvida de que esta relação, esta simpatia amorosa, serviu de veículo a mais uma faceta do plurivalente universo pessoano já que se tratou de uma troca de declarações entre duas pessoas que se viam quase que diariamente, o que tira o conteúdo lógico, ou objetivo, da natureza epistolar. É certo que, entre os que se amam, estes recursos são comuns, uma espécie de detalhe a mais no complexo teor do envolvimento amoroso, por si só contraditório, sem sentido, ou ridículo (como diria um dos heterônimos de Pessoa, o Álvaro de Campos, num famoso poema).