Publicado originalmente em 1976, Chão de ferro aborda principalmente a vivência carioca do autor mineiro na primeira metade do século xx. Aquele Rio que, como dizia um famoso cronista da Belle Époque, \"modernizava-se\". Ou seja, já passara - não sem algum trauma - pelas reformas urbanísticas empreendidas pelo prefeito Pereira Passos, adotava os confortos da modernidade (o automóvel, o rádio, os primórdios da indústria cultural). E Minas Gerais sempre dando a perspectiva das coisas.\r\nO narrador se desloca de trem entre esses dois polos todo o tempo: no Rio está o colégio interno; em Minas, as férias com a família e, posteriormente, a faculdade em que ingressa em 1921. Não são polos meramente geográficos, mas dimensões existenciais, afetivas, intelectuais, sociais, culturais e civilizatórias distintas.\r\nConcentrando ações transcorridas entre 1916 e 1921, Chão de ferro se abre e se fecha descrevendo aulas, no tradicional e reputado colégio Pedro II e na Faculdade de Medicina. \"Campo de São Cristóvão\", título do primeiro capítulo, praticamente forma um só capítulo com o último de Balão cativo, o volume anterior já lançado pela Companhia das Letras. Os dois capítulos juntos narram uma história do Pedro II a partir da experiência do narrador no colégio. \"Rua Major Ávila\" narra os anos de 1917 e 1918, em que passava as folgas do colégio na companhia dos seus tios paternos. O mesmo convívio é recriado em \"Avenida Pedro Ivo\", reconstituindo acontecimentos de 1919-20. \"Rua da Bahia\", o último capítulo, marca a volta do narrador, terminado o colégio, para a companhia da mãe, e de sua família nuclear, em Belo Horizonte, para preparar-se para o ingresso na faculdade.