A literatura contemporânea é variada tanto no que se reporta à forma quanto ao conteúdo. O escritor sul-africano J. M. Coetzee surpreendeu os leitores com um inovador romance A vida dos animais. Para dar voz às ideias acerca da senciência animal isto é, o conceito de que os animais não-humanos partilham conosco de experiências conscientes, Coetzee, um vegano fervoroso, ancora-se na sua personagem seminal, a também ficcionista Elizabeth Costello. Em um imbricado jogo autorreferencial, o par CoetzeeCostello apresenta, em duas palestras lidas na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, as nuances do discurso que referenda o domínio dos seres humanos sobre todos os outros terráqueos. Sem embargo, o professor e crítico literário Pedro A. T. Sobral descortina, no livro publicado pela Editora Dialética, A vida dos animais, de J. M. Coetzee, na casa de espelhos, as inovações propostas por Coetzee na configuração metaficcional e nos argumentos filo-ecológicos de portentosa obra.
