O fascínio que lugares ensolarados exercem sobre os habitantes do Hemisfério Norte é um tema constante na literatura. A busca por um local paradisíaco, onde a vida não tem pressa de acontecer, vem encantando leitores no mundo inteiro, que se debruçam sobre relatos desses novos exploradores, que trocam o meio urbano pela simplicidade de regiões onde o universo agitado impulsionado pela tecnologia é quase uma mera lembrança. A escolha desse estilo de vida em que tempo, prazer e tranquilidade substituem prazos apertados, consumismo e estresse está em Piquenique na Provence – Uma história de vida com receitas, da jornalista norte-americana Elizabeth Bard. O calor de dias brilhantes e ensolarados, o perfume da lavanda, os sabores da boa mesa, o toque suave da mão de uma criança pequena à procura de carinho são algumas das imagens evocadas por todo o texto. Os apelos sensoriais se intensificam diante das diferenças de cultura e das descobertas que Elizabeth faz quando troca Paris por uma localidade na Provence. Foi em Paris que ela se apaixonou por Gwandel, o que a fez mudar-se para a França e formar um novo círculo de amizades, sem o apoio da família de origem judaica. Alguns anos mais tarde, às vésperas do nascimento do filho Alexandre, o casal viaja em férias para a cidadezinha de Cereste, onde viveu René Cher, líder da Resistência aos nazistas e poeta, admirado por Gwandel. Ao saberem que a casa do poeta está à venda, num impulso, eles decidem morar lá.