Em 1795, Kant apresenta ao público A paz perpétua, que traz como ideal precípuo o estabelecimento de uma sociedade cosmopolita pacífica. Diferente das teorias que a antecederam, a filosofia da paz de Kant abre os horizontes para a construção de uma ordem política mundial normativamente mais robusta e para a superação dos projetos baseados na ideia do balance of power. Em 1995, Habermas resgata o projeto kantiano no estudo intitulado A ideia kantiana de paz perpétua – à distância histórica de 200 anos, no qual afirma que a construção teórica de Kant, a um só tempo, está envolta em sérias objeções conceituais e não se acomoda mais aos horizontes de nossas vivências históricas. Com isso, Habermas inicia uma duradoura sequência de estudos que examina o ideal kantiano à luz da história contemporânea com o objetivo de reformulá-lo e, assim, resgatar a sua energia normativa. O estudo que o leitor tem às mãos reconstrói, de forma clara e detalhada, os percursos teóricos de ambos os filósofos,