Em tempos nos quais a adolescência é cultuada com a imagem da eterna juventude, do descompromisso e da beleza fugaz, surge, na contramão dessa perspectiva hedonista, a figura do Mal, associada à juventude em crise, transviada, desvairada, vândala, violenta. Imagens que unificam diferenças irredutíveis entre cada adolescente na experiência da travessia para a vida adulta. A adolescência não é um conceito, nem uma fase, ela é uma construção histórica, variável culturalmente, criada para tratar de um dos maiores embaraços da vida do ser falante: a sexualidade (Freud, 1905). Assim, se, por um lado, a adolescência nomeia o encontro com a dimensão traumática, porque inapreensível pela linguagem, do sexual (Lacan, 1974); por outro, ela assinala a passagem de um ser cuidado pelo outro para um sujeito autônomo e produtivo. Ela desenha e testemunha outro encontro, também difícil, do adolescente com o campo social e toda sua estrutura econômica, social e política que ganha, discursivamente na atu