Ao ser mencionado O Fio e os Rastros de Carlo Ginzburg, os autores desse livro concordam que o trabalho do historiador é observar e cerzir a trajetória do tempo, os rastros deixados por inúmeras fontes na criação de uma narrativa. Eu acrescentaria, citando Lucien Febvre, que a História não apresenta aos homens uma coleção de fatos isolados. Ela organiza os fatos. Ela os explica ao transformá-los em séries, às quais não presta igual atenção. Pois é em função das necessidades presentes que nós, historiadores, recolhemos e, em seguida, classificamos os fatos pretéritos. Enfim, é em função do que se vive hoje que interrogamos o passado. Os capítulos que compõem este livro – que não é uma coletânea de artigos isolados, mas se propõe a discutir de forma plural e conectada temas fundamentais da nossa história –, embora abordem o período colonial, são de uma atualidade incontestável. Atualidade por serem produto de pesquisas recentes, baseadas em fontes documentais muitas vezes inéditas e em u