Como pensar o pertencimento, isto é, nosso modo de estar no mundo, quando uma história familiar de migração perturba a relação com o lugar em que nascemos? Que passado nos pertence quando a cartografia das origens se dispersa? Que língua nos expressa quando as vozes do entorno se diversificam? Que cultura nos identifica quando as tradições se tornam plurais e persistem alheias ao território?Sem pretender respostas definitivas, em O país que agora chamavam de seu, o escritor argentino Saúl Sosnowski indaga sobre a singularidade dessa experiencia. Com uma escrita aprazível, de ritmo pausado e emoção contida, o romance — que deixa transparecer um viés autobiográfico — acompanha o processo pelo qual o personagem principal tenta reconstruir uma memória familiar disgregada pelas escolhas individuais de migração, mas também e sobretudo pelas guerras e os conflitos políticos que, no século XX, desviaram os destinos dos sujeitos e dos povos. Adensada pela diáspora ancestral do povo judeu, essa